Deve-se ter sempre em mente que, sendo uma doença complexa e grave, as soluções também o são. O obeso espera sempre um milagre: uma dieta ou um remédio que, sem grandes sacrifícios, faça-o emagrecer e devolvê-lo à vida plena. Infelizmente, isto ainda é impossível. Talvez em breve a terapia genética possa abreviar este sofrimento.
É fundamental resgatar a auto-estima do obeso, livrá-lo de críticas e da compaixão, que lhes são extremamente dolorosas. Esgotados os recursos clínicos e comportamentais e diante de um obeso grave, com peso superior a 100% do esperado para sua altura, abre-se uma nova perspectiva para o combate à obesidade. Desde 1954, têm-se buscado alternativas cirúrgicas para este sério problema. As operações iniciais retiravam do trânsito alimentar grandes segmentos do intestino delgado, ocasionando graves distúrbios nutricionais e metabólicos, sendo progressivamente abandonadas. A partir de 1982, o enfoque foi direcionado para reduzir o tamanho do estômago (GASTROPLASTIAS REDUTORAS), possibilitando perdas até 40% do peso do obeso, ganhando paulatinamente a confiança e aprovação da classe médica.
Um dos pilares do sucesso da cirurgia para o obesidade mórbida, conhecida como CIRURGIA BARIÁTRICA (BAROS = peso; IATREN = tratar), é encará-la como apenas uma etapa no complexo tratamento da obesidade mórbida, aliada à uma reeducação alimentar e ao re-equilíbrio psicológico.
Opera-se o estômago, mas não a cabeça do obeso, que continua a cultivar os mesmos vícios e posturas. É fundamental, antes e depois da cirurgia bariátrica, o concurso da nutricionista estudando, individualmente, os erros alimentares, as carências e as necessidades, para confeccionar e orientar o cardápio dos operados. Nos primeiros 30 dias, a dieta deve ser líquida (de baixa caloria) para haver adaptação gradual do estômago operado e de todo o organismo, impedindo a ocorrência de mal estar, tontura ou náuseas.
Inicia-se com volume de 50 ml (uma xícara de café), principalmente líquidos, administrados regularmente: água sem gás, água de coco, sucos de frutas coados, água de coco e gatorade, leite desnatado, sopas coadas (caldos) e gelatinas. Após o primeiro mês, já se pode ingerir sólidos, qualquer alimento, sempre respeitando um volume menor, em torno de 200 ml (um pires de chá) pausadamente, (utilizando-se de uma colher de chá), em três refeições diárias, devendo-se seguir estas regras. caso contrário, haverá náuseas e vômitos. Evita-se comer nos intervalos, já que a partir da cirurgia o tempo de refeição será substancialmente maior. Não haverá sensação de fome, pois o estômago reduzido rapidamente se enche, levando esta informação ao CENTRO DE SACIEDADE no cérebro, já que a inervação gástrica permanece intacta, produzindo-se a impressão de TER COMIDO MUITO.
Neste tipo de cirurgia, há conservação da massa muscular, havendo consumo apenas do tecido adiposo, sendo necessário a administração de complexos vitamínicos para não ocorrer quadros carências.